Em painel sobre desigualdade na Brazil Conference at Harvard & MIT, realizada virtualmente, Luciano Huck, cotado como candidato a presidência nas eleições de 2022, disse que vê problemas na taxação de grandes fortunas. Segundo ele, a decisão poderia levar a “engenharias fiscais” para burlar a malha tributária, o que levaria o dinheiro a “escapar do país”.

“Eu não sou contra [taxar fortunas], de jeito nenhum. Mas quando você enxerga a colcha de retalhos que é a malha tributária brasileira, você vê a bagunça que ela é hoje. A gente tem que ver isso. A reforma [tributária] é super importante.”, comentou.

No entanto, Huck defendeu a tributação sobre heranças. “Não acho que tem que tributar a fortuna, mas a herança é importante. A gente tem que discutir a transferência”, afirmou.

Em resposta, a diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, contrapôs o argumento do apresentador. “Essa coisa de que a fortuna vai sair é relativa. Primeiro, o Brasil já tem um valor de evasão fiscal muito grande. Os auditores da Receita mostram o quanto deixamos de arrecadar porque há um investimento em paraísos fiscais”, disse.

Segundo Maia, a taxação de fortunas, lucros e dividendos já existe lá fora, fazendo com que a pessoa que decida colocar um dinheiro no exterior, seja taxada. Apenas dois países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento econômico não realizam essa taxação: Estônia e Brasil.

Após as colocações feitas por Katia Maia, Huck recuou: “Sinceramente falando, sou curioso e não sou técnico em tributação. O Brasil tributa quem tem menos, e não quem tem mais de maneira proporcional. O Brasil tem capacidade e gente competente em todas as áreas para dialogar sobre isso, para fazer um sistema tributário mais eficiente e progressivo”. 

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